30 de out. de 2013

nada demais em ser assim

você me engana
eu só omito uns fonemas
fico de cama
para encobrir meus edemas
não tenho vez em teu sabor
nem há valor em meu poder
sobra ação, falta querer
ao percorrer o teu viés
e perceber que sou assim
me descobrir, te encobrir
ressuscitar, morrer depois

você disfarça
eu me escondo com força
depois reclama
enquanto o frio me esquenta
falta amor, sobra prazer
dentro de nossas cabeças
te quero assim, sem se entregar
para depois me humilhar
nada demais em ser assim
olhe pra trás, frente a seguir



29 de out. de 2013

preceito

se o amor é uma lei 
minha vida, uma doutrina
meu querer, um mandamento
o destino, a deus pertence
me escondo na palavra
pra chorar eu tenho fé
pra sorrir, imposição
na cabeça, toda crença
e no coração, preceito
quem decide o pecado
quem define o respeito?

convite

Sei que antes do riso aparecer
Parecíamos ter - o que não ter
E se a marca não desaparecer
Um motivo a menos de prazer

E nos olhos tão tristes
Lágrimas são limites

Um cigarro na mão se acender
Uma vida sem ter o que dizer
E divaga depressa em perceber
Deus e demo o amor a maldizer

Um deserto despiste
A verdade um convite

Aquarelas de tons escurecer
Mal o dia nasceu para morrer
Colorido sem cor para rever
Um sentido sem rumo percorrer

O dinheiro existe
A saudade persiste

16 de out. de 2013

caminho

nessa mania segrego a minha vontade
deixo o dia levar-me pra onde não quero
vento me traga de volta ao meu desatino
águas engulam as marcas de amor e agonia
nada demais em querer que eu seja eu mesmo
ou o melhor é esconder-me no manto sereno
que atacar o umbigo expondo a vaidade
e reinventar outro tema que eleja um caminho

belo horizonte

não fumo só por vício
nem bebo um absurdo
falta atitude
em tua virtude atemporal
falta o feminino
em teu masculino imoral
vou dormir um pouco
aquietar o louco não compensa
sonhando me perco
lá eu me rotulo de veneno
bebo o quanto quero
cheiro a tua roupa na esquina
fujo para o monte
o belo horizonte me fascina


oboé

degustar o amor
parece com a fé
é deixar de mão
a própria razão
e não se conter
é fazer do não
uma afirmação
mesmo se doer
em que direção
o meu coração
deve percorrer?

um som de oboé
entrou na canção
vou trocar a fé
por outra ilusão
dever ou direito
desejo ou vontade
seja em outro jeito
seja noutra verdade

14 de out. de 2013

o tempo fechou

que o tempo fechou 
o sol se escondeu
maré se levantou
e tão logo choveu
divagando chegou
e enfim, entendeu
o sorriso encerrou
a vela derreteu
coração apertou
a lágrima desceu
a canção terminou
o dia entardeceu
o céu acinzentou
a lua entristeceu
o nó se desatou
o laço se rompeu




encandece

o que se estabelece
o que come 
onde dorme
a luz que encandece
o que ouve
o que veste
o amor verdadeiro
o desejo
a escolha
a partilha do inteiro
o ultraje
a desforra
nas mãos da maioria
a fé
a esperança
aos pés da minoria
o nada
a ganância











um novo coração

não lhe posso podar o desejo
nem ao menos cobrar teu amor
é que não sei lidar com o afeto
e não sei quando ao certo
eu lhe faço sofrer
nesse tom desmedido de força
esperança que causa alegria
por favor não me perca de vista
de noite ou de dia
me faça feliz
dentre as lágrimas entorpecidas
tem mais o sorriso
pra nos merecer
deixa o sol clarear teu destino
e que a lua me traga acalento
as estrelas se movam no vento
que cabe na mente, na imaginação
seja o nosso valor o respeito
renasça no peito
um novo coração

sobre o nada

haverá um fim
para um sonhador
leva e traz saudade
dentro da canção
veia sob a pele
raio sobre o mar
vento que te leve
seja o tempo breve
custe o que custar
deixe-me sozinho
com meu pensamento
deixa que o tempo
faça outra verdade
dentro da cabeça
por cima da alma
onde nem o nada
sobre o nada sabe

13 de out. de 2013

teu desatino

para a cicatriz, o corte
ao meu coração, suporte
devo merecer
mera gratidão
me repreenda
logo de manhã
que durante o dia
será puro encanto
tua decisão
é teu desatino

12 de out. de 2013

o vento

saudade do homem emblemático
da entrega, da luta, da opinião
saudade do livro didático
do encanto no desconhecido
as descobertas, a lama, o chão
nada sabe ao certo 
o que se guia na testa
o que se manja de vida
o que de nada sei
da morte
do outro
do sonho
e de quem é o sorriso?
quem manda no desejo?
sou do sol
me dê a lua de presente
sou eterno
porque só conheço o vento


9 de out. de 2013

seu coração

Me busque de manhã
Retenha a decisão
Invente outro porvir
Desejo de atenção
Me prive de olhar
Desista de cantar
Encontre a solução
Amanheceu azul
O sol mudou de cor
A discrição fugiu
Razão se emocionou
O mar se agitou
Desconcertou o viés
Desmascarou o pão
A teia se esticou
O ar lhe envolveu
O frio o encobriu
Seu coração parou


de graça

O teu amor próprio
Pra mim é vaidade
Exija de si mais respeito

Por entre as veias
Reside a verdade
A causa que esconde o efeito

Cabeça medita
Coração indica
O risco de amar não se mede

Não é juramento
Endividamento
De graça, o amor não se pede







5 de out. de 2013

desenredo

Nem outro sol
Nem outra lua
Farão findar
O infinito
Desato os nós
De meu viés
Necessidade
Seja o destino
O meu acaso
A amplidão
Sem armadilha
Ou trilha incerta
Rumo ao sonho
Me desencontro
No desenredo





Sobre o amor...

Sobre o amor:

não é exigência, mas gratuidade
nem é mandamento, basta intuição
nada de pedido ou reciprocidade
amor é de graça, sai do coração

cantiga de dor

é cantiga de dor
acalento é saudade
chega feito a idade
e estraga com o tempo
colorido sem cor
rua sem endereço
pago e não sei o preço
é fumaça sem vento
onde escondo a maldade
e disfarço o meu jeito
será dentro do peito
ou fora da cidade
que a justiça é vaidade
relativo o direito
se me julga imperfeito
me faltando o respeito
escondendo a verdade

meu canto

quem me ilumina
mora no mar
e quem me guia
é feito de vento
salve a lua nova
que liberta a noite
salve a aurora
que encontra o dia
tenha a liberdade
o lugar cabido
vença a maldade
liberte o cativo
sábias decisões
permeiam canções
em meu desencanto
se faça a vontade
pro bem da verdade
ressoe o meu canto

coração de pedra

me sento, reservo, me tento
me invento, deserto, me vendo
arcabouço de aço, de vidro
outra vida de eras bem vindas
amaldiçoaram o meu verso
sem culpa ou mágoa, inverso
em outro plano além das cabeças
noutra dimensão, outro universo
de rimas, de sons, de palavras
onde o pequeno se reserva calado
o grande resiste ao mal feito
e o peito de deus se contrai
as mãos da natureza se soltam
desintegram cada coração de pedra
e dá ao homem o que lhe cabe


3 de out. de 2013

o monte

quando toda a ilusão 
não passar de um sonho, 
lembre-se,
que de onde vieste
não tinha pano
nem tinha chão
num dado instante
veio o levante
- aqui estou
e o que será
do meu destino
se de menino
eu nada sei...
além de um rio
do horizonte
lá tem um monte
pra se esconder
da tempestade
vindo com força
antes que chegue
o amanhecer
se alimente
de liberdade
reine a verdade
dentro do ser
abra o peito
sem preconceito
verás o monte
aparecer


retrato

retrato na mão
e a memória foi buscar
no meu coração
uma história relembrar
sorriso espontâneo 
e um abraço desmedido
o olhar momentâneo
desarmado, descabido
o sol sob a mente
e a cerveja sobre a mesa
esfriava o corpo
esquentava a natureza
um céu reluzente
amigos contentes
e o mar se doando
o medo ausente
a água ardente
a tarde chegando






intuição

falta no tom
sobra no olhar
parece bom
nada maldar
e a razão
deixa a questão
solta no ar
falta carícia
sobra malícia
no coração
seja a ciência
ou consciência
opinião
tua verdade
feito saudade
é intuição



1 de out. de 2013

sem o amor

sem o amor
o que me resta?

a tristeza
a alegria
a fraqueza
a magia
o tesão
o desejo
a paixão
o teu jeito
a vaidade
o direito
a vontade
o respeito


protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...