28 de jul. de 2013

e só

Tua pele salga o amargo dos meus lábios
A língua doce acalma o desespero
Verdade ou não, aguardo teu descanso
Pra descobrir a cor do teu sorriso
E espero feito a chuva pelo vento
Dedos se vão e afligem o teu colo
Se te agradar, eu faço o que não gosto
Se entristecer, disfarço-me de sonho
Não há amor que insista no descaso
Se pra te ter, me tenho em pedaços
E aguardo o teu sono, 
Já que ainda é cedo, tarde, intenso
Refaço os meus planos,
Desacredito, invado, desaprendo, e só


rumo

"desabilitado, escondeu-se
o sol ficou por entre as nuvens
impossibilitado, deu-se
noutros caminhos que lhe rumem"

Que se esconde

Quando me aperto em teu abraço
Fico embutido em teu encaixe
Feito bandido em descabido
Que se esconde 
Como se preso em teus braços
Eu encontrasse a liberdade
Feito menino exibido
Que se esconde
Vou libertar esse poema
E lhe propor uma sociedade
Ao meu prazer a tua libido
Que se esconde





Oferta

O que vou lhe ofertar
Nada levo em minhas mãos
Não me falta lembrança
O que sobra é cobrança 
De palavras de amor
Nada tenho escondido
Se não tenho um abrigo
Nem pro meu coração?
Se é fé, acredito
No profano ou bendito
Que me faça sorrir
Mas na crença me perco
Que não tenho o direito
Reto em lhe decidir


ventos vis

para além do coração
rezo em tuas mãos
e te entrego aos ventos vis
desejos vãos
breves razões
que não comovem mais
ficando atrás
da verdadeira visão
para atacar
desacatar
e resgatar a indecisão
que faz sofrer
desmerecer
a imagem sã
de atenção
de coração
e algo que
faça sorrir
menos chorar
e decifrar
tua intenção
sem condição
de entregar
e desatar tua luz
da escuridão



24 de jul. de 2013

bolha

 eu vou morar em tua bolha
 escrutinar tua verdade 
 para fazer tuas vontades
 e discernir tuas escolhas
 assim trilhando o teu destino...

 vou entender teu desatino

21 de jul. de 2013

Ciladas


"Às vezes as armadilhas e ciladas estão nas próprias palavras... 
Mas isso não nos isenta de levantarmos a voz!"


agora?

à origem, o destino
decisão e desatino
em tua droga
abro a mente
fecho o corpo
indecente
indisposto
quando... 
agora?

ferido

"e ferido o amado acuou-se
 desertou, desistiu, desarmou-se
 o desejo aliou-se à paixão
 e acertou-lhe justo a decisão
 de ser quem outrora lhe feria..."

Pelos montes

ao sabor, gosto e tempero
à saudade tua, o cheiro,
cativante
às lembranças, os pesares
ao meu rio, os teus mares,
tua fonte

à moldura, o teu rosto
às paisagens, o teu corpo,
teu semblante
nos caminhos, nos lugares,
nas planícies, pelos vales, 
pelos montes













20 de jul. de 2013

À quem recorrer?

À quem recorrer
quando não tem sentido sofrer?

O corpo 
entregue ao abandono
Coração ferido de enganos
É que
 por debaixo dos panos
O amor finge que tem um dono

Socorrei-me, 
das trevas, ventania
Derramai entre os homens, o alento
Em teus braços, 
no colo de Maria
Intercede ao teu filho o meu lamento

Socorrei-me, oh águas de Iemanjá!
Lavai as mazelas do meu canto
Acolhei-me, 
oh Rainha deste mar
Enjugai-me os olhos com teu manto

À quem recorrer
quando não tem sentido sofrer?

18 de jul. de 2013

O Amado e o Desejo

desarmado, o Amado enganou-se
e banal, seu caminho prosseguiu
acuado o Desejo enveredou-se
e o Mal à sua trilha, os seguiu

lá estavam a Morte e o Medo
a Saudade aliada à Solidão
escondidos, Amado e Desejo
esperando o Sonho e a Ilusão

não sabiam se Deus ia chegar
nem ousavam a boca se abrir
o Amado com o medo de amar
o Desejo com pressa de sentir

15 de jul. de 2013

cara ou coroa

"jogaste-me a moeda
 e decidiste em tua mão
 na cara aparecia a saudade
 a coroa escondia a solidão"

afora o medo

"a teus pés, o meu desejo
 em tuas mãos, minha vontade
 o que faço, na verdade
 se restou-me afora o medo?"

Firmamento

No rosto mascaro o perdão
Escondo na pele a vaidade
No peito eu levo a saudade
Os sonhos, carrego nas mãos
Quando se abrir o firmamento...

- Por onde andará o pensamento?

As flores da paixão

qual será a culpa
preço, taxa, multa
dessa condição

fico em devaneios
quando em teus seios
perco a razão

debaixo dos panos
desejos e enganos
de submissão

se tornam verdade
que me dão coragem
força e decisão

o teu colo ilude
um coração rude
fraco e sem noção

me vem o desejo
lhe roubar um beijo
fico em tuas mãos

quando encosto a pele
em teu corpo expele
determinação

na aridez se rega
no jardim da entrega
dor, desilusão

ao passar em frente
passado é presente
clara é a escuridão

fico aos pedaços
recolhendo aos maços
as flores da paixão

14 de jul. de 2013

olhos vermelhos

de fome
de sono
de raiva
de cama

cansaço
saudade
maldade
insônia

de febre
de lebre
de choro
de lombra



13 de jul. de 2013

Necessidade

faltou na luta decisão
lhes faltou coragem
ir além da emoção
atravessar a margem
que separa a realidade
da ilusão
afasta a verdade
da precisão
da necessidade

vive o poeta...

de palavra em palavra
seja escrita ou falada
lida ou declamada
quer na mente
ou coração
o que lhe move
a liberdade
a solidão
a vaidade
a escolha
a indecisão
é inspirado
pelo meio
instinto
falso
ou verdadeiro
e pela necessidade
traz ao papel
tela
ou boca
a imaginação
se solta
e o sonho traz
à realidade

12 de jul. de 2013

pra ficar com você

mais atenção, mais sensibilidade
ao coração, entrega e liberdade
a quem se ama, reciprocidade
posto que é chama, durabilidade

pra ficar com você
não te fazer sofrer
me prender a você
e te satisfazer

oh meu amor...
dividir, conceder, realizar
oh meu amor...
permitir, perceber, reconquistar

tua saudade, engana o meu destino
tua metade, repõe meu desatino
tua demora, encurta o desespero
venha agora, te quero por inteiro

pra ficar com você
não te fazer sofrer
me prender a você
e te satisfazer

oh meu amor...
dividir, conceder, realizar
oh meu amor...
permitir, perceber, reconquistar













10 de jul. de 2013

noutra direção

para o coração, compasso,
conciliação
à inspiração, espaço,
avaliação
meço a intuição, disfarço,
remediação
rimo o verdadeiro ao falso,
imaginação
desvio a visão, o passo,
determinação
deixo a solidão e parto,
noutra direção

velha decisão

eu me permito me atrever
tomar uma velha decisão
se é um crime vou cometer
roubar pra mim teu coração

não quero dele um pedacinho
ah, e não me venha com a metade
quero atenção, dá-me o teu carinho
quero carícia e verdade

e vou juntando cada pedaço
eu quero ser o amor primeiro
serei mais forte do que o aço
fragmentado ou por inteiro

saudades...

da pureza, sem indiscrição
da maldade, sem a intenção
da vontade, que não desejei
das palavras, que eu não falei
da verdade, que não defendi
do arrepio, que eu não senti
de um vento, que eu não soprei
de tua pele, que eu não toquei
da ganância, sem a ambição
do presente, sem devolução
de um dia, que eu não nasci
de um tempo, que eu não vivi

outra forma de ser

desejo e liberdade
direito e imposição
pureza e honestidade
coragem e decisão
punir e arrecadar
doma e persuasão
sorrir e desapontar
trair o coração
abrir e desabrochar
achar e se perder
fingir e reinventar
outra forma de ser

teu colo

me falta a alegria
e te sobra a tristeza
no peito uma sangria
nos pulsos, sutileza
me diz o teu preço
o teu endereço
de quem será a culpa?
não perco de vista
ao invés da conquista
teu colo de puta!

antes eu te levava
hoje você me leva
pra longe, pra perto
pro errado, pro certo
correndo perigo
te fecho, te abro
me encaixo, me caibo
em teu esconderijo

9 de jul. de 2013

dor calada

e uma dor calada n'alma grita/a minha força é feita de barro/o dente range, a cabeça frita/e sem querer acendo outro cigarro/a tua ausência me deixa atento/a noite chega sem você do lado/falta razão para o entendimento/e tua falta me deixa acordado//parece que o tempo engana meu coração/passa feito um vento, e acorda a solidão//e sem querer o amor não é amado/nem adianta meu arrependimento/é que o presente já virou passado/eu te desejo só em pensamento/por onde andará a outra metade/que escureceu meu dia ensolarado/não sei lidar direito com a saudade/deixa ao menos eu ser perdoado//parece que o tempo engana meu coração/passa feito um vento, e acorda a solidão//


2 de jul. de 2013

pedaço de relva

pedaço//pedaço//em cada pedaço de relva/amanso uma fera//em cada pedaço de relva/voa o pensamento//não vou te acompanhar/nem tenho tempo a perder/porque//vou resistir à tentação de ser//em cada pedaço de relva/amanso uma fera//em cada pedaço de relva/voa o pensamento//à quem devo perdoar/vou ter que me arrepender/de quê//vale amar e não querer ceder//em cada pedaço de relva/amanso uma fera//em cada pedaço de relva/voa o pensamento//acendo se apagar/a chama pra conquistar/você//o meu olhar no teu vou perceber//em cada pedaço de relva/amanso uma fera//em cada pedaço de relva/se apagou eu acendo//

a solidão

em teu olhar
faltou pureza
faltou pureza
em teu prazer

mereço
além
mereço
a mais
mereço
apenas

o teu amor
o teu penar
a tua pena

o teu adeus
o meu dilema
o meu pensar

onda do mar
levou consigo
deixou comigo
a solidão









bicho-humano

de perdão-em-perdão vive o pecado
e de passo-a-passo o coração
o segredo-sagrado está guardado
e fadado-à-morte sua visão
numa curva-na-esquina do horizonte
tem um rio-sem-água no caminho
um clarão-sombreado pelo monte
tem um bicho-humano lá sozinho



cio

feito vento sem avisar/no ocaso arrepio/na aurora te vi chegar/de um jeito arredio//coração resolveu d'outro jeito bater//na manhã veio revelar/que está por um fio/o instinto a reclamar/feito bicho no cio//a noite mal chegou, já me enluarei//

1 de jul. de 2013

dois a sós

dum jeito indecente
amarraste o meu sol
em teu poente
reverencio tuas costas
me prostro à tua frente
os dois a sós
finjo eloquência
desfaço os nós
beiro a demência
desabotoo os pontos
acendo a ponta
faço de conta
que o louco pouco sabe
dos seus contos

palavras de ordem

adie a saudade
resista à vaidade
respeite o contrário

invente um novo dia
recite uma poesia
aqueça o imaginário

trabalhe o sentimento
amadureça ao tempo
que o amor é o salário

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...