A chama se rendeu ao fogo
A lágrima ao choro
Chuva ao temporal
A pele se entregou ao corpo
A vida ao morto
A vaidade ao banal
Divindade, começo de era
De gente que espera
O momento final
A maré deixou raso o perigo
A tristeza, o sorriso
O tempo, atemporal
A fumaça sai do meu cigarro
Não falo, me calo
Me falta moral
E quem ama, às beiras desama
No chão ou na cama
Em meu pedestal
Quer sozinho ou acompanhado
Me deixo de lado
E adoço meu sal
Onde instinto, desejo e vontade
Medo, falsidade
O bem e o mal
Sem reservas ou meias certezas
Pegam de surpresa
E diferem o igual
Tenho pena, de quem não entende
Que amor não se vende
Nem é marginal
É um fruto que vem do respeito
Não traia-lhe o peito
Com o velho sinal
De domínio, ganância que explora
Engana, deflora
O homem-animal
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